O meu filho





    Meu filho tem simpatia por elefantes e javalis de minhas histórias.

    Ele tem raiva genuína dos caçadores malvados de minhas histórias.

    Se ele fosse um elefante, pegaria os caçadores malvados, com a sua imensa tromba e os apertaria, apertaria, até...não sabe onde.

    Ainda não falei do limite da força da tromba dos elefantes das minhas histórias.

    Ele acredita no som pausado da minha voz contando histórias, e fecha os olhos

    para poder melhor vivê-las.

    São boas histórias, eu me digo, certamente.

    Sempre há longos passeios por florestas sem perigos,

    há sempre amigos a encontrar pelos caminhos,

    primeiro o cachorro, depois o gato, depois o cavalo, então o macaco, mais adiante o leão, depois o urso...

    e lá vai ele viajando esses caminhos que invento,

    pois algum dia eu ousei ouvir histórias e acredito ser possível entendê-las.

    E viajei com ele numa nau cheia de sonhos,

    Naveguei mares de calmares turbulentos,

    remamos juntos, quando havia algum perigo,

    um monstro marinho, uma ressaca em alto mar,

    E cantamos juntos a canção dos corajosos:

    "Rema capitão,

    Rema, capitão,

    Rema que esse mar,

    não tem onda , não! "

    E a correria no correr das águas,

    junto à beira mar, tudo leva e traz

    quem mais poderoso, menino ou ondas?

    Deixa que a corrente leva o corpo e vai !

    Como um novo herói, seus punhos em arma

    desafia a força da maré da tarde,

    E a alegria a correr na espinha,

    Cai, levanta, o tombo é outro brinquedo...

    Vai o homem lento, brincando a semente,

    Vai o homem bicho, vai o homem pai,

    rir da fantasia, vivendo magias

    Vai contando histórias e tudo que tem mais...

    Meu filho tem poesias em cada pisco de olho que dá, quando o sol incomoda.

    Acredita que Deus está cuspindo do céu quando a chuva cai.





Vito Cesar

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