Tivesse eu
um heterônimo, um ao menos que fosse,
Mas de nada
me adiantam os prozacs da alegria,
E o que resta,
lhes afirmo, é estar à beira do abismo,
Mas sou fraco,
lhes confesso,
Favas às
rimas, de volta ao texto,
Vito Cesar
Fontana
De
recesso, tempo indeterminado, meu eu, todo machucado,
Em vão
tenta descansar de insônias inimagináveis, de perturbações
exógenas,
de desinspiração
catatônica e egocentrismo descarrilado.
para que alguma
palavra doce, colorida ou sem vergonha,
viesse bailando
à tona desse louco desvario,
Estaria salvo
esse operário, da labuta do imaginário,
consciente
e coletivo...
se a alma
em sintonia, não afina, quer na noite, quer no dia,
se os personagens
estão em greve, mesmo numa história tola e breve,
se rebelam
e desatinam, ficando de mal comigo...
como sadomasoquista,
um pé
no ar, outro na terra,
jogando o
humor à guerra:
ou eu salto
ou me enterro!
mil vezes
neosaldinas,
para derreter
cefaléias,
pois a esperança
inda ecoa,
quero derreter
também as idéias,
que, daninhas,
rebimbocam o cubismo,
delicado do
lirismo, que é bordado
no linho reciclado
do vazio,
a que me entrego.
proscênio,
luzes em resistência,
cortinas cerradas...
Com um terno
cintilante,
marcação
do diretor...
Em off o danúbio,
no olhar um
brilho de lágrima,
nas mãos
os gestos,
minha voz
carregada,
encaro o público,
sem ver nada,
e respiro
algo tenso,
agora, o espetáculo,
as cortinas,
por favor,
uma cadeira
no centro do palco,
sem efeitos
cenográficos,
sem apoio
do contra-regra,
com o texto
decorado,
suportem bem,
meus amigos,
um monólogo
afiado.