ALI, DEPOIS DA CURVA
         

        Quero morrer de inanição,

        Numa porrada, na contramão,

        Com um tiro à traição...

        Mas nunca, absolutamente nunca,

        Apontado como uma mentira que viveu..
         
         

        Que me perdoem os pares,

        Que se aboletem em minha cova,

        Todos os críticos e suas virtudes,

        Que me piquem todos os mosquitos,

        Mas jamais, em nenhum tempo,

        Me acusem de uma suavidade que não seja minha,

        De uma bondade emprestada,

        De um lirismo que não tenha o meu nome.
         
         

        Eu tenho fome!

        A fome dos inconfessos,

        A fome dos que não represam,

        A fúria de uma criança,

        E a dor da mulher parida.
         
         

        Nenhum retoque,

        Nenhuma maquiagem,

        Quero o pálido absoluto,

        O estertor do grito,

        E a luminosidade de um riso maroto.


     

 
 
 

Vito Cesar
 
 

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