gato
Vito Cesar
... da rua, um gato me olha pela
janela.
Sigo, seu olhar no meu, aceso de
alma,
vermelho cintilante, de calma...
um gato.
lento, com passo de luva,
alça o parapeito e sobe o
telhado,
como um gato, morno de casa e aconchego,
vou com o gato no olho, por sobre
o arvoredo,
vai buscar o cio, amar o amor macio
e lancinante,
que imita crianças chorando
na madrugada...
continuo meu passo e perco o gato,
no canto do olho,
recolho meus braços, num
abraço cheio,
como um homem-gato, desses de filmes,
metamorfo,
subo também o telhado,
e me perco.