No tempo em que eu te amei 


        No tempo em que eu te amei, 
        havia sede e fome. 
        Queria tua voz, 
        teu jeito estranho e tua loucura. 
        E por não saber que te amava, 
        lutava, 
        acreditando ser paixão
        a coisa torta de te ligar, 
        te encontrar e te brigar, 
        resplandecer e te mimar, 
        fazendo-te canções, 
        corrigindo-te o ímpeto, 
        desesperadamente procurando a tua boca
        para o beijo pobre que, 
        mesmo o sendo, 
        minha boca ansiava. 

        No tempo em que eu te amei, 
        transformei rotinas de tempos plantados, 
        confisquei mil quereres
        e empobreci meu gesto
        para melhor chegar a ti, 
        mesmo sabendo-te tão próxima
        e tão inatingível. 

        No tempo em que te amei, 
        eu estava errado. 
        Não havia bom senso
        em te amar naquele momento e, 
        como sempre, como nunca, 
        mais uma vez desencontrado estava eu, 
        te amando e desejando. 

        No tempo em que te amei, 
        errei ao rejeitar o teu corpo
        quando me foi ofertado por ti, 
        enlouquecida de vinhos, 
        amortecida de lógica
        e trôpega de sentimentos. 

        No tempo em que te amei, 
        já não havia estrelas. 
         
         

Vito Cesar
         

 
 
 
 
 
 
 

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