ROUBO


    Da vida, roubei tudo o que podia.

    Persegui o circo da minha cidade e invadi sua lona.

    Aí, roubei a beleza e a pureza do riso do palhaço.

    Do homem do arame roubei o desequilíbrio.

    Do homem mais forte do mundo, roubei a fraqueza.

    Roubei o medo do domador de leões, e a mulher mais linda em seu trapézio...

    De tantas outras mulheres que amei, ou pensei ter amado, lhes roubei o tempo da sua beleza, seu sexo e integridade...e lhes gerei muitos filhos, de quem roubei um amor nunca exercido e que nego, cá dentro do peito, mas que, no silêncio da noite choro, tentando enganar meu coração, que pulsa contra mim e toda a minha vontade de ser tudo aquilo que dizem que não sou.

    Eu queria ser o universo, com todos os seus astros!

    Queria ser o Super-homem, mudando o curso da história por causa da mulher !

    E queria ser o milagre do rio, que passa na flor do seu meio-dia, lavando meus pés!

    Assim, não sendo isso ou aquilo, sou o que sou:

    Apenas um homem à beira do infinito.






Vito Cesar

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