ANSIEDADE



                  Corria como quem queria,
                  como quem morria,
                  como quem sentia,
                  como quem pedia,
                  como quem velava,
                  como quem sonhava,
                  pela noite fria,
                  tendo a companhia,
                  de uma lua nova,
                  e da rua escura...

      Comia,
      como quem comia,
      uma alma inteira,
      uma melodia,
      uma trepadeira
      que subia inteira
      pela sua alma,
      que não tinha alma,
      era fantasia...

                  Amava,
                  como quem roubava,
                  como erva daninha,
                  como quem traía,
                  como quem cuspia,
                  pela madrugada,
                  que não era nada,
                  muito mais que nada,
                  que não existia...

      Vivia,
      como quem sabia,
      o que não sabia,
      que tanto queria,
      que tanto fazia,
      e no entanto ardia,
      pleno em seu desejo,
      como quem não sabe,
      que todo desejo,
      vem da sintonia
      vem de um talento,
      que toma assento,
      nessa moradia






Vito Cesar

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