½ CAMINHO (n.º 2)
eu não te peço nada.
fica aí, a meu lado, com ar de quem é feliz
mas não está assustada.
fica de pé, de cócoras, de quatro,
sentada.
só te peço um favor:
quando eu estiver escrevendo,
planta bananeira, mas fica calada.
quando eu pegar no copo
e encher meu olhar de infinito,
vai dormir.
deixa eu sonhar, como um sábio.
livre e vazio como um verso
ou um grito.
se quiseres ficar acordada, é tua a vontade.
só não me ofereças aquelas receitas,
aqueles quitutes.
apenas adormece silêncios e quietudes.
dá um cheiro no cangote, vez em quando,
me dá prazer,
me faz sentir que você gosta de me fazer feliz,
de me ver fazendo o que eu gosto.
me beija, mas não muito, senão...
eu começo a entender as coisas
que você esconde nos olhos,
um baile sem fantasias
nossas pernas entrelaçadas.
faz teia, sê penélope!
vê tv, menstrua!
podes até morrer;
mas, por favor, quando eu estiver escrevendo
morre calada.
|