Vito Cesar
     

    Eu me apresento a vocês como alguém que gosta de escrever. 
    Sou um animal prolixo. 
    Costumo dizer que sou filho do pós-guerra, resultado de tudo que aconteceu depois. Alguém se lembra? 
    Nasci numa São Paulo vinda das memórias da minha mãe – num 53 noturno, com direito a velocípede verdinho, viagem de caminhão (com as mudanças) em direção ao Rio de Janeiro (com dois anos e meio!). 
    Lá, infância de operário. Meu pai, imigrante italiano, trabalhando numa fábrica (eu acho que era uma fábrica!) de carrocerias de ônibus, me ensinando a acreditar que a vida não tinha pobreza, apenas dignidade. Lá, infância de cowboy, aprendendo a ir à escola pública sozinho, calças curtas, refresco de laranja no vidrinho. Aprendi a convivência dos milhares, a paixão pela professora de hálito perfumado e a não gostar da polenta do refeitório. 
    Lá, adolescência Beatle, inauguração de escolas por Lacerda, blackout das 18:00 às 21:00hs, Hi-fi nos sábados, cigarros Capri, paixão pelas meninas. 
    No meio dessa prosódia, lá pelos 15, viagem para Recife – que eu conhecia da escola como Veneza Brasileira. Estrada comprida, mudança de clima, um olhar aparvalhado, maravilhado com o mar de Boa Viagem, me sentindo num filme americano – daqueles de cinemascope. 
    Recomeço de escola, já ginasiano, primeiros escritos – redações de aulas de português de Auxiliadora - a professora – redigir o jornalzinho do colégio Porto Carreiro. 
    Cursinho, faculdade de medicina, residência médica em oncologia (especialidade em Radioterapia, que é um dos jeitos de se tratar o câncer), e outras coisas que tais. 
    Já se vão 32 anos de uma Recife que é bela. Comecei meu interesse na Cyberdélia com um MSX, 8 bits, 64 K de memória RaM. 
    Eu escrevo desde menino as coisas que vou contar, cresci aprendendo sozinho, palavras de sonho e de mar.
     
     

Vito Cesar 

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